quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

101
Onde os nossos amigos? Terá a Morte
Derrubado e pisado todos eles?
Ainda ouço-os na taverna... Estarão mortos?
Ou bêbados de tanto ter vivido?

102
Quando eu deixar de existir,
Não existirão mais rosas,
Ciprestes, lábios vermelhos,
Canções, vinho perfumado.

Não haverá mais auroras,
Não haverá mais crepúsculos.
Não haverá mais amores,
Nem penas, nem alegrias.

O mundo será abolido,
Pois do nosso pensamento
É que a sua realidade
Depende exclusivamente.

103
Eis a única verdade:
Somos os peões no xadrez
Que Deus joga. Ele desloca-nos
Para diante, para trás,

Detém-nos, de novo impele-nos,
Lança-nos um contra outro...
Depois um a um nos mete
Todos na caixa do Nada.

- Rubaiyat, Omar Khayyam - tradução de Manuel Bandeira, Ediouro, 2001