quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Quase um segundo

"Eu queria ver no escuro do mundo
Onde está tudo o que você quer
Pra me transformar no que te agrada
No que me faça ver
Quais são as cores e as coisas
Pra te prender?
Eu tive um sonho ruim e acordei chorando
Por isso eu te liguei
Será que você ainda pensa em mim?
Será que você ainda pensa?
Às vezes te odeio por quase um segundo
Depois te amo mais
Teus pêlos, teu gosto, teu rosto, tudo
Que não me deixa em paz
Quais são as cores e as coisas
Pra te prender?
Eu tive um sonho ruim e acordei chorando
Por isso eu te liguei
Será que você ainda pensa em mim?
Será que você ainda pensa?
Às vezes te odeio por quase um segundo
Depois te amo mais
Teus pêlos, teu gosto, teu rosto, tudo
Que não me deixa em paz
Quais são as cores e as coisas
Pra te prender?
Eu tive um sonho ruim e acordei chorando
Por isso eu te liguei
Será que você ainda pensa em mim?
Será que você ainda pensa?"

Paralamas do Sucesso, no disco BORA BORA

domingo, 14 de dezembro de 2008

De Amor e De Sombra


Outro livro que virou filme. Já li alguns da chilena Isabel Allende, e esse tem uma das minha passagens prediletas, quando Francisco leva Irene para casa:
"(...) ao contemplá-la junto ao muro de pedra de sua casa, com os braços carregados de flores silvestres para seus velhos e o cabelo revolto pela viagem na moto, intuiu que essa criatura não fora feita para as realidades sórdidas. Beijou-a na face o mais próximo possível da boca, desejando com paixão permanecer ao seu lado eternamente para protegê-la das sombras. Cheirava a ervas e tinha a pela fria. Soube que amá-la era seu destino inexorável."
Isabel Allende, "De Amor e de Sombra", Bertrand Brasil, 15ª Edição, 2005.

sábado, 6 de dezembro de 2008

As Virgens Suicidas

A editora L&PM reeditou, dentro da ótima "Pocket", o maravilhoso "As Virgens Suicidas", de Jeffrey Eugenides. Publicado originalmente pela Rocco em 1994 ou 1995, com o titulo "Virgens Suicidas", o livro estava fora de catálogo já faz um bom tempo. Agora reaparece e com R$ 13,00 você pode adquirir 206 páginas de pura "prosa poética".

"-Alguém tem bala de hortelã ou chiclete? - perguntou Bonnie. Ninguém tinha, e ela virou-se para Joe Hill Conley. Examinou-o por um instante, depois, com os dedos, mudou o repartido do cabelo dele para o lado esquerdo. - Assim fica melhor. - disse. Quase duas décadas depois, o pouco cabelo que lhe resta continua repartido pela mão invisível de Bonnie."

As Virgens Suicidas, Jeffrey Eugenides, L&PM Pocket, 2008

PS: leia o livro e veja o filme, dirigido por Sofia Coppola em 2000.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Qualidade

"Ela questionava muito essa minha falta de experiências amorosas e a falta de flexibilidade diante da 'enorme' vivência dela". Desde quando o número de mulheres que amou significa que tem ou não domínio? Um dedo com aliança pode superar uma mão de aventuras. Uma mulher pode ter se relacionado com trinta homens e não encontrar nem metade de seu prazer. Faz favor, meu amigo, quilometragem funciona só para carro. Corpo é qualidade.

do blog do Fabricio Carpinejar
http://www.carpinejar.blogger.com.br/2006_11_01_archive.html

Da Palavra

"(...) As gurias gostavam que os guris também brincassem com elas. Só que... não podia ser "boca-suja". Desde cedo a gente aprendia que a palavra tinha sido um dom só concedido aos homens, e não aos bichos, e que um homem de verdade não podia achincalhar a si próprio, e aos outros, achincalhando a fala dele. Mentira, nome-feio, bagaceirada, agressão - jamais. Cordialidade, com alma forte e coração sereno - sempre."

Barbosa Lessa
"Porteira aberta"
no livro "Nós, os gaúchos", varios autores, Editora da Universidade (Federal do Rio Grande do Sul), 1993

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Vida

Ele chorou nos braços dela, e confessou-se capaz de sentir medo.
Ela sorriu, sentindo empatia e alívio:
ele também é humano;
talvez algo que ela diga ou faça possa alcançá-lo.

(essa, para fugir à regra, não é uma citação).

Poema em linha reta

"Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.

E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo,
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado
Para fora da possibilidade do soco;
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.

Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida...

Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó príncipes, meus irmãos,

Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?

Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?

Poderão as mulheres não os terem amado,
Podem ter sido traídos - mas ridículos nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que venho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza."

Fernando Pessoa
está em "Poesias", L&PM Pocket, 1997

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Longa viagem sem nos movermos

"Ritmo de pulmões da cidade que dorme. Fora, faz frio.
De repente, um barulho atravessa a janela fechada. Você aperta as unhas em meu braço. Não respiro. Escutamos um barulho de golpes e palavrões e o longo uivo de uma voz humana. Depois, o silêncio.
-Não peso muito?
Nó marinheiro.
Formosuras e dormidezas, mais poderosas que o medo.
Quando entra o sol, pestanejo e espreguiço com quatro braços. Ninguém sabe quem é o dono deste joelho, nem de quem é este cotovelo ou este pé, esta voz que murmura bom dia.
Então o animal de duas cabeças pensa ou diz ou queria:
-Para gente que acorda assim, não pode acontecer nada ruim."

Eduardo Galeano
em "Mulheres" - L&PM - Pocket, 1997

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Domingo, 30 de Janeiro de 1944


"(...) Fiquei no topo da escada enquanto aviões alemães voavam de um lado para o outro, e soube que estava sozinha, que não podia contar com a ajuda dos outros. Meu medo desapareceu. Olhei para o céu e confiei em Deus.
Tenho enorme necessidade de ficar sozinha. Papai percebeu que não estou como sempre, mas não posso dizer a ele o que me incomoda. Só quero gritar: "Me deixem sozinha, me deixem sozinha!"
Quem sabe, talvez chegue um dia em que me deixarão sozinha mais do que eu gostaria!"

Anne Frank
"O Diario de Anne Frank", Editora Record, Edição Integral Autorizada, 1991





terça-feira, 11 de novembro de 2008

"Vingança" de Ana Mello


"A gata brincava com o rato morto. Jogava-o para cima, tocava com a pata, dava pequenas mordidas, como se debochasse da situação da sua vítima.Na cadeira, recostada, com uma taça de vinho nas mãos ela pensava:- Exatamente o que eu quero fazer com aquele canalha."

http://minicontosanamello.blogspot.com/

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Cristiana Guerra

"Rir não é alegria nem tristeza. Gargalhada não é sorriso. É um respiro no meio de tudo, um respiro muito bem pensado. Talvez para tomar fôlego e continuar o caminho."

http://parafrancisco.blogspot.com/

domingo, 9 de novembro de 2008

Distimia

Volta e meia me deparo com a tarefa inglória de tentar explicar aos amigos como os pensamentos sombrios podem ocupar a mente de uma pessoa, sem que consigamos lutar contra isso. Dificilmente sinto que fui compreendida. Por isso, foi consolador (embora também doloroso) encontrar este poema de Gonçalo M. Tavares, do qual reproduzo alguns versos:

"(...)
Às vezes tenho medo, muito medo.
Às vezes sofro.
Às vezes, penso nas pessoas que amo e penso na possibilidade
de as perder.
Às vezes vejo alguém doente e fico incomodado.
Pode não ser um amigo ou um familiar.
Posso estar a vê-lo pela primeira vez.
Mas fico incomodado.
Aquela doença pertence-me.
(...)
Às vezes sinto isso muito,
outras vezes sinto menos.
Quando sinto menos posso preocupar-me como mundo,
brincar com a poesia,
com a filosofia e com as palavras.
Mas quando sinto, deixo de conseguir pensar.
(...)
Que importa o resto?
Onde está o livro importante?
O filme que resolve?
(...)
Estamos sozinho.
Se não estamos, vamos estar.
Os amigos vão-nos deixando, vão-nos deixar.
Vão morrer ou nós vamos morrer.
(...)
Estamos sozinhos. As pessoas que amo vão morrer.
(...)"

Não tem título, exceto pelo número "50.". Está no livro "O Homem ou é Tonto ou é Mulher". Que aliás foi dica do jornalista, compositor, cantor e gente finíssima Beto Só.
http://blogdobetoso.blogspot.com/

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Andrea Doria

"Às vezes parecia
Que de tanto acreditar
Em tudo que achávamos
Tão certo...
Teríamos o mundo inteiro
E até um pouco mais
Faríamos floresta do deserto
E diamantes de pedaços
De vidro...
Mas percebo agora
Que o teu sorriso
Vem diferente
Quase parecendo te ferir...
Não queria te ver assim
Quero a tua força
Como era antes
O que tens é só teu
E de nada vale fugir
E não sentir mais nada...
Às vezes parecia
Que era só improvisar
E o mundo então seria
Um livro aberto...
Até chegar o dia
Em que tentamos ter demais
Vendendo fácil
O que não tinha preço...
Eu sei é tudo sem sentido
Quero ter alguém
Com quem conversar
Alguém que depois
Não use o que eu disse
Contra mim...
Nada mais vai me ferir
É que eu já me acostumei
Com a estrada errada
Que eu segui
E com a minha própria lei...
Tenho o que ficou
E tenho sorte até demais
Como sei que tens também"

Está no disco "Dois" da Legião Urbana. Como emprestei o meu cd e nunca recebi de volta, não pude confirmar a letra no encarte, mas creio que está certa.
E sim, eu era umas das muitas meninas que queria ficar sentada aos pés do Renato Russo ouvindo tudo que ele tivesse para me dizer...

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Tempos Duros, por Brecht

Em época de eleições presidencias nos Estados Unidos da América, (o que equivale dizer que há eleição para Grande Imperador do Mundo), torcemos pela vitória do menos pior, do menos lunático, do menos egocêntrico... Porque o mundo pode piorar...

"1940"

"Meu filho pequeno pergunta: devo aprender matemática?
- Para quê? - gostaria de lhe responder. - Acabarás
de qualquer modo sabendo que dois pães
valem mais do que um só.
Meu filho pequeno pergunta: devo aprender francês?
- Para quê? - gostaria de responder. - Esta nação
está na iminência de desaparecer. Esfrega
a barriga com a mão, gemendo; te entenderão.
Meu filho pequeno pergunta: devo aprender história?
- Para quê? - gostaria de responder. - Aprende
a esconder a cabeça debaixo da terra
que assim talvez sejas poupado.

No entanto eu lhe digo: - Sim, aprende
matemática,
aprende francês,
aprende história."

Bertold Brecht

Está no maravilhoso "Só poema bom", seleção e traduções de Paulo Hecker Filho, Editora Alcance, 2000

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Galeano

Em setembro de 1997 comprei meu primeiro exemplar de uma obra de Eduardo Galeano. É uma antologia de textos, retirados de diversos de seus livros, e que versam sobre "Mulheres". Acho que é impossível para uma mulher resistir aos apelos de um livro com este nome... Enfim, o pequeno volume de 177 páginas abriu-me as portas do mundo deste fascinante escritor. Sintam-se acolhidos...

"A NOITE/1"

"Não consigo dormir. Tenho uma mulher atravessada entre minhas pálpebras. Se pudesse, diria a ela que fosse embora; mas tenho uma mulher atravessada em minha garganta."

Alguém consegue conceber um mais incrivel, maravilhoso, perfeito destino para uma mulher? Impedir o sono dos poetas...

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Nosso homem ideal?


Da atriz Edie Adams, sobre o marido, o ator Ernie Kovacs:

"He treated me like a little girl, and I love it - Women's Lib be dammed."

Algo mais ou menos assim: "Ele me tratava como uma garotinha, e eu amei isso - o Movimento Feminista que se dane."

Quando ninguém mais sabe seu lugar e papel no mundo, quando as conquistas parecem mais maldições, quando as mulheres (porque não dizer: as pessoas) continuam sendo julgadas por aquilo que vestem; nestas horas, volta e meia, sentimos vontade de gritar: "Sim, queremos ser paparicados, acalentados e protegidos". E quem não quer?

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Test Drive da Vida

"(...) é de se afirmar que não houve civilização sem poesia, sem o primeiro menino bárbaro que sublimou sua violência intrínseca em vitórias virtuais para aprender a tolerar e a conviver ao invés de crescer sob o fio de uma espada real."
***
"Como previu Heisenberg, estou com um pé em infinitas possibilidades. Todo equilíbrio é um flerte com a alegria e com o abismo. Não me procurem em um ponto, mas em uma probabilidade e em todas as suas conseqüências."

do blog do meu Mestre Pedro Stiehl,

http://www.pedro-stiehl.blogspot.com/

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

"Suspeita"

"Desconfio que envelheci. E talvez envelhecer seja saber escolher. Algumas coisas, não topo mais. Como sair de uma festa escura e esfumaçada me sentindo estranha por não ter ficado até alta madrugada. Não preciso provar mais nada pra ninguém. Nem pra mim mesma. Saudade, filho. De gostar de ficar quieta. Saudade da temperatura do amor. De paz, calmaria e preguiça. E uma vontade de acreditar que existe alguém assim, como eu, em busca de alguém assim, como eu. Talvez pensando agora sobre a mesma falta. Então vou fazer um desejo bom pra esse alguém e vou dormir o sono dos justos. Para amanhã acordar feliz, embora exausta, diante do seu sorriso inquieto e guloso."

Cristiana Guerra
http://parafrancisco.blogspot.com/2008/10/suspeita.html

domingo, 12 de outubro de 2008

Solidão acompanhada

Alguns amores são mais dificeis de tocar que outros. Algumas pessoas ocultam as pistas, escondem as emoções, evitam os sentimentos, e mantêm o outro no eterno escuro, tateando, sem saber como agir, sem saber onde estão as linhas que devem ser cruzadas, e aquelas que não se deve tocar.

" Tua forma de querer
é deixar que eu te queira.
O sim com que a mim te rendes
é o silêncio. Teus beijos
são oferecer os lábios
para que eu os beije.
Nunca palavras, abraços,
me dirão que existias,
que me queres: nunca.
Só o dizem folhas brancas,
mapas, augúrios, telefones;
tu, não.
E estou abraçado a ti
sem perguntar-te, de medo
que não seja verdade
que vives e me queres.
Estou abraçado a ti
sem olhar e sem tocar-te.
Não acabe descobrindo
com perguntas, com carícias,
esta solidão imensa
de querer-te apenas eu."

Pedro Salinas
Está no livro "Só Poema Bom", seleção e traduções de Paulo Hecker Filho, editora Alcance, 2000

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Não demore

"não faz diferença
se você vem amanhã
ou não vem
desisti de esperar
por alguém
cuja ausência
me faz companhia"

Martha Medeiros, Poesia Reunida, L&PM, 1999

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Amigos & Amantes

Esta linha pode ser bastante tênue; afinal, onde deixamos de ser uma coisa e passamos a ser outra? Como ser as duas coisas ao mesmo tempo? Com certeza, contradigo agora a citação de JG de Araujo Jorge... E com certeza, voltarei muitas vezes ao assunto...

PRECISO DIZER QUE TE AMO

"Quando a gente conversa
Contando casos, besteiras
Tanta coisa em comum
Deixando escapar segredos
E eu não sei que hora dizer
Me da um medo, que medo

Eu preciso dizer que eu te amo
Te ganhar ou perder sem engano
Eu preciso dizer que eu te amo
Tanto

E até o tempo passa arrastado
Só pr'eu ficar do teu lado
Voce me chora dores de outro amor
Se abre e acaba comigo
e nessa novela eu não quero
ser seu amigo

É que eu preciso dizer que eu te amo
Te ganhar ou perder sem engano
Eu preciso dizer que te amo, tanto

Eu ja nem sei se eu tô misturando
Eu perco o sono
Lembrando cada gesto teu
Qualquer bandeira
Fechando e abrindo a geladeira
A noite inteira

Eu preciso dizer que eu te amo
Te ganhar ou perder sem engano
Eu preciso dizer que eu te amo, tanto".

Cazuza, Dé e Bebel Gilberto - conforme está no livro "Preciso dizer que te amo", Lucinha Araujo e Regina Echeverria, Editora Globo, 2001.

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

"Do Desejo"

"O desejo é prova de nossa finitude, de nossa contingência, de nossa materialidade.
Se eternos, não desejaríamos nada. Aguardaríamos."

Luiz Antonio de Assis Brasil - Ensaios íntimo e imperfeitos - L&PM Editores, 2008.

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Cansada & Esperançosa


"Jururu não sei pedir. Fico enrodilhada. Faço pesca mas não pesco nada.
A. me fala do aeroporto, de passagem. Matter of fact que eu já conheço, sem desordem.
Sinto um grande cansaço pendurado no fio da minha voz.
Tremuras da desordem. Assuntos que não sei.
Mala diplomática apenas por um fio.
I can't give you anything but love, babe.
Praga. É uma praga. Você só gosta da partes difíceis.
Hoje te cabe a parte fácil: se sentir alguma coisa pode me chamar."

Ana Cristina Cesar - Inéditos e Dispersos - Editora Brasiliense - 2ª edição, 1991

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

"Louca & Malvada"


"- Gostaria de seduzir um homem assim.
- O que faria com ele?
- Eu o faria sofrer?"
Simone de Beauvoir (se não me engano, no livro
"A Convidada")

"(...) Às vezes cansa ser louca demais
mas gosto do medo que sentem
de se aproximar de uma mulher assim
hoje quero alguém mais ou menos apaixonado por mim
."
Martha Medeiros

"A água finge
proteger a caverna
a qual corrói
lentamente."
Maria Eunice M. Kautzmann

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

JURA SECRETA


Só uma coisa me entristece
o beijo de amor que não roubei
a jura secreta que não fiz
a briga de amor que não causei.

Nada do que posso me alucina
tanto quanto o que não fiz
nada que eu quero me suprime
de que por não saber ainda não quis.

Só uma palavra me devora
aquela que meu coraçao nao diz
só o que me cega, o que me faz infeliz
é o brilho do olhar que não sofri.


Em 1977, a música, na voz de Simone, era a trilha sonora da "Carola" da novela "O Profeta". Composição de Abel Silva e Sueli Costa. Fiquei um pouco surpresa ao descobrir que a letra era dele, e não dela; parecia tão feminina... Para isso é que existem os poetas!
Está no livro "Só uma palavra me devora", Abel Silva, Editora Record, 2000.

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Fim de Romance

Este post é para meu amigo H., que sofre pelo fim do namoro. Pela segunda vez. Ficar próximo ou não? Dar espaço ou não? Decisão dificil de tomar...

"- Eu nasci para ser teu inimigo
ou teu amante
mas nunca um teu amigo
ou um teu irmão!"

- J G de Araujo Jorge -

domingo, 21 de setembro de 2008

Ana C.

Talvez meu poema predileto entre os que já li da poeta carioca Ana Cristina Cesar...

"imagino como seria te amar

teria o gosto estranho das palavras
que brincamos
e a seriedade de quando esquecemos
quais palavras

imagino como seria te amar:
desisto da idéia numa verbal volúpia
e recomeço a escrever
poemas."

no livro "Inédito e Dispersos", Editora Brasiliense, 2ª Edição,1991

Emily Dickinson

Em três versões:

"To make a prairie it takes a clover
and one be,-
One clover, and a bee,
And revery.
The revery alone will do
If bees are few."

"Para compôr um prado, precisa-se de um trevo
E uma única abelha,-
Um único trevo e uma abelha.
E devaneio.
O devaneio por si só já basta,
Se as abelhas forem raras."

"Para fazer uma pradaria precisa-se de uma flor
e uma abelha
Uma flor e uma abelha
e devaneio.
O devaneio, sozinho, basta
Se poucas forem as abelhas."


A versão original e a primeira tradução estão no livro "Poemas de Emily Dickinson", tradução de Ivo Bender, Mercado Aberto, 2002.
PS: esta postagem é irmã da postagem feita pelo meu amigo Mario Telmo no blog dele http://www.esquecimeudostoievski.blogspot.com/

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

I Dream of Jeannie


Jeannie's Mother: "Tell this "Roger" you are going to marry him."
Jeannie: "Oh, but that would be dishonest!"
Jeannie's Mother: "Show me a woman who is honest and I will show you an old maid."

Esta veio de um episódio do primeiro ano da série "Jeannie é um gênio". E a mãe da Jeannie decreta: "Mostre-me uma mulher que é honesta (no sentido de franca, sincera) e eu te mostrarei uma solteirona." Certas situações pelas quais passei me fazem acreditar nisso... Mas continuo tentando...

terça-feira, 16 de setembro de 2008

O Início

"Sempre escrevi para saber o que penso."

Joan Didion, O Ano do Pensamento Mágico